quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Mais de 400 pessoas aguardam transplante de órgãos na Paraíba


Dados foram levantados pela Secretaria de Saúde do Estado neste mês. Doações e lista de espera aumentaram com relação a anos anteriores.



A lista de quem aguarda transplante de órgãos na Paraíba, tem 452 pessoas, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (SES). São 321 pessoas esperando por um rim, 148 por córneas e duas por fígado. Não existem pessoas aguardando coração, conforme o levantamento da SES neste mês de janeiro. Em relação ao ano passado, a espera aumentou: 59 aguardavam rins, 166 esperavam por córneas e não havia pacientes para fígado e coração.

As doações, por outro lado, aumentaram: em 2012, foram 4,8 doadores por 1 milhão de habitantes; em 2013, o índice foi de 5,7. De acordo com a diretora da Central de Transplantes da Paraíba, Gyanna Lys Montenegro, ainda há carência de profissionais para fazer as cirurgias e os médicos estão empenhados em salvar quem chega vivo aos hospitais.
 
 
“Quem identifica o potencial doador é o medico plantonista. Nós temos dificuldade na manutenção desse paciente porque muitas vezes existe uma mentalidade de deixar de cuidar de um potencial doador, que pode salvar tantas outras vidas, para se dedicar a cuidar de outro paciente que não é doador. Não quero dizer que você vai desprezar alguém, mas ter um olhar também para esse potencial doador, porque ele está morto, mas vai salvar tantas outras vidas. É uma outra dificuldade que nós enfrentamos”, afirma Gyanna Lys Montenegro.

Gyanna lembra da dificuldade enfrentada pela dúvida da família no caso do diagnóstico de uma morte cerebral. “Ainda existe aquele preconceito, aquela dúvida com relação ao diagnóstico da morte encefálica porque muitas vezes o paciente tem esse diagnóstico e ainda esboça algum reflexo, que é chamado de reflexo medular. Presenciando isso, a família pode achar que esse paciente está vivo”, explicou a diretora da Central de Transplantes da Paraíba.

“Tem que doar por amor. Pra alguém doar um rim, algum órgão pra outra pessoa, tem que ser por amor”, reflete o ex-eletricista Gilber Ferreira, de 41 anos, que há dois anos descobriu que estava com insuficiência renal e precisa de um transplante de rins. Ele faz 12 horas semanais de hemodiálise e toma uma bateria de remédios. Ele precisou se aposentar porque não pode mais trabalhar.

“Acabou o estilo de vida que eu levava. Trabalhava, agora não posso mais trabalhar, não tenho mais aquela garra de trabalhar, a gente fica muito fadigado, cansado”, desabafa Gilber. Assim que começou o tratamento, ele entrou na fila de espera pela doação de um rim na Central de Transplantes do Hospital Antônio Targino, em Campina Grande, único hospital que faz o transplante do órgão na Paraíba no momento.

O Hospital São Vicente de Paula, em João Pessoa, está sendo recredenciado para realizar transplantes, o que deve diminuir o caminho de quem tem que ir pra Campina Grande. O próprio médico faz a avaliação e o paciente é cadastrado na lista do Sistema Nacional de Transplantes. A Central de Transplantes da Paraíba fica na rua Rio Grande do Sul, no Bairro dos Estados, em João Pessoa. O telefone de contato é o 3244-6192. Em Campina Grande, a avaliação é feita pelo Hospital de Emergência e Trauma, que funciona 24 horas. O telefone é o 3339-8578.

 Procedimento é rigoroso
 
Segundo Gyanna Lys Montenegro, o procedimento para doação de órgãos começa por verificar a compatibilidade do grupo sanguíneo. “Quando tem uma doação do tipo O, são selecionados aqueles pacientes receptores O para aquele órgão. Cada órgão tem a sua peculiaridade. Por exemplo, o rim vai depender da histocompatibilidade, quanto mais existir compatibilidade entre doador e receptor, esse paciente será ranqueado com prioridade e não conta o tempo em lista. Se houver uma similaridade de compatibilidade entre duas pessoas, aí sim o desempate é feito por aquele que está há mais tempo inscrito”.

Ela também explicou que, no caso da doação de fígado, a seleção é feita pela gravidade, através de um índice que avalia o comprometimento hepático e, quanto maior for a pontuação do paciente nesse índice, mais ele é priorizado em lista pela sua gravidade.

Para o coração, os critérios são relações antropométricas, ou seja: um coração grande vai se adequar em uma caixa torácica grande. O indivíduo grande precisa de um coração grande pra atender às suas necessidades, então não adianta colocar um coração de uma criança em um indivíduo grande que ele não vai atender às necessidades. "Então, todos esses parâmetros também são selecionados para que se escolha o doador adequado para o receptor adequado”, finaliza Gyanna.

Fonte: Do G1 PB com TV Cabo Branco

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